O PUSD deu uma Conferência de Imprensa na Quarta-Feira, na sua sede em Bissau, para fazer o balanço da campanha eleitoral, com a presença de vários órgãos de comunicação social, com especial destaque ao nível das rádios. Julgamos importante fazer aqui um pequeno resumo, pois as notícias que foram surgindo na rádio e nos blogues foram de caráter muito particular, referindo por vezes frases isoladas do seu contexto.
A Presidente do Partido, Carmelita Pires, relatou os resultados da reunião da comissão política do Partido, durante a qual colocou o seu lugar à disposição, reconhecendo que, mal grado todos os esforços desenvolvidos, não conseguiu passar a mensagem para o eleitorado, atendendo aos resultados publicados pela Comissão Nacional de Eleições. Realmente, com excepção da Diáspora (onde sabemos que o PUSD, mesmo estando impedido de concorrer por decisão arbitrária do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, recolheu um número bastante significativo de intenções de voto), os resultados foram decepcionantes a nível interno, onde a visibilidade é um factor essencial junto das massas. E essa visibilidade depende muito da disponibilidade de meios financeiros, que o PUSD, não conseguiria em tempo útil mobilizar.
Faltou o cumprimento da Lei, quanto ao financiamento pelo Estado dos pequenos partidos: pena que nestas eleições, que ficaram externamente conhecidas, por piada, como eleições «Gucci», os responsáveis não se tenham preocupado em garantir as condições mínimas a todos os partidos candidatos, alimentando a diversidade do debate. Durante a campanha, o PUSD deparou-se com fortes limitações em termos de logística e de material de campanha. O resultado não poderia deixar de ser a perpetuação de um bipartidarismo tenso, sem verdadeira alternância democrática, que parece não oferecer qualquer saída ao país. Se a Lei não foi cumprida activamente, também o não foi passivamente, pois, apesar dos avisos feitos pelo PUSD em relação às fontes de financiamento dos partidos maioritários, nada foi feito para fiscalizar eventuais abusos.
A Comissão Política do PUSD, chamada a pronunciar-se, deliberou no entanto, por unanimidade, recusar o pedido de demissão e reconduzir Carmelita Pires à frente dos destinos do Partido, lembrando que há bem pouco tempo o Partido estava esquecido e que, apesar de resultados eleitorais aparentemente pouco favoráveis, se considera bastante positiva a visibilidade obtida para o Partido e respetiva receção, nos vários meios de comunicação e blogosfera, permitindo antever um futuro promissor, em termos de intervenção na sociedade guineense.
A Presidente do Partido continuou em seguida destacando alguns pontos da campanha eleitoral que considerou positivos, em termos de reflexão. A esse título, lembrou as palavras de ordem do PUSD: Ordem & Organização; Rigor & Responsabilidade, Capacidade & Competência & Consistência. Considerou de forma bastante positiva as suas participações nos vários debates decorridos durante a campanha (dos quais alguns podem ser ouvidos recorrendo à «Partilha de Ficheiros» na barra lateral à direita, neste blog), afirmando acreditar ter contribuído para a elevação do nível do discurso político (por várias vezes, ao longo da campanha, assistimos a alguns partidos e candidatos retomarem palavras de ordem lançadas pelo PUSD em primeira mão). Realçou ainda, como ponto alto da campanha, o apelo à unidade aos partidos minoritários, demonstrando os custos da dispersão dos votos, devido à divisão em círculos eleitorais e ao método de Hondt. Nesse âmbito, Carmelita Pires defendeu a extinção dos círculos eleitorais (que distorcem a proporcionalidade do voto: há votos que valem o dobro de outros), bem como a abolição do método de Hondt, em eleições futuras. Um único círculo eleitoral, como nas presidenciais, e proporcionalidade direta na atribuição de mandatos 1% = 1 deputado, de forma a defender a diversidade de opinião e uma participação partilhada de todos e todas, a todos os níveis da política, para que esta não continue a ser vista como quintal particular, mas verdadeira função coletiva. Defendemos o Direito de Inclusão, em relação às mulheres, aos jovens, meninos e meninas, mais velhos e mais velhas.
Na expetativa da divulgação dos resultados definitivos, que ocorreu à mesma hora, cumpriu à Presidente do Partido dirigir ao seu homólogo do PAIGC felicitações pela vitória conseguida, desejando-lhe que seja capaz de gerar os consensos necessários para conduzir a governação pelos quatros anos que dura o mandato agora conquistado, sem interrupções, a bem da estabilidade e progresso do país.
No entanto, lembrou depois que este reconhecimento da vitória do PAIGC não implica a desistência quanto ao Direito básico que assiste ao PUSD: o de INFORMAÇÃO.
Pelo que Carmelita Pires declinou, entretanto, as afirmações do Presidente da CNE, dando por concluído o processo, sem atender ou se pronunciar sobre as pretensões apresentadas pelo Partido em tempo útil. É lamentável, e desmerecedor do civismo demonstrado pelo povo guineense no processo eleitoral, que este tenha sido conduzido com o nepotismo típico da nossa praça. A nossa campanha, cujo objetivo principal era contribuir para o debate de uma profunda mudança de mentalidades, foi claramente prejudicada por este tipo de limitação quase congénita da nossa democracia. Em futuras eleições, haveremos de nos bater para que a esperança e a confiança no futuro se façam desde o próprio ato eleitoral, para que não restem qualquer dúvidas ou sombras que manchem a sua credibilidade e a legitimidade do governo a que deve dar origem.
Urge um debate urgente, transversal e apartidário, um vasto fórum que congregue os guineenses num debate real para problemas atuais.
Pa lantanda nô terra!
sexta-feira, 25 de abril de 2014
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Resultados provisórios no Senegal
Segundo os dados provisórios publicados pelo Ditadura do Consenso, das mesas de voto no Senegal, o PUSD conseguiu ali o segundo lugar, com mais de 10% dos votos expressos.
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Para Reflexão
Alguns artigos hoje publicados, para reflexão. Siga os links para aceder:
Esperança de ver uma nova Guiné Bissau.
Uma nova esperança para uma nova política na Guiné-Bissau.
A mudança necessária para a Guiné-Bissau.
Este blog, que fomos alimentando durante esta campanha eleitoral, fará agora uma paragem de vários dias.
Agradecemos aos nossos leitores e nossas leitoras e simpatizantes a atenção dispensada.
Voltaremos para apresentação dos resultados.
Esperança de ver uma nova Guiné Bissau.
Uma nova esperança para uma nova política na Guiné-Bissau.
A mudança necessária para a Guiné-Bissau.
Este blog, que fomos alimentando durante esta campanha eleitoral, fará agora uma paragem de vários dias.
Agradecemos aos nossos leitores e nossas leitoras e simpatizantes a atenção dispensada.
Voltaremos para apresentação dos resultados.
Competência & Consistência
Apresentamos hoje o último par de palavras de ordem, slogans que escolhemos para esta campanha eleitoral, traduzindo as grandes linhas de força desta nossa / vossa candidatura à liderança do governo.
Capacidade: qualidade de quem está apto a fazer determinada coisa, a compreendê-la. Defendemos que quem é chamado(a) a servir o Estado, em qualquer área, tem de ter capacidade para desempenhar a sua função. Porque sem capacidade, não pode haver competência. Capacidade é a competência em potência. Portanto, defendemos uma avaliação criteriosa de todos os funcionários públicos. A primeira coisa que vou fazer, como Primeira-Ministra, será um diagnóstico global do papel do Estado.
Vou pedir a cada funcionário para se sentar, com um pedaço de papel, e escrever qual é, na sua opinião, a sua função. Seguidamente, que descreva a sua rotina semanal, com ênfase na semana corrente. Compilaremos toda essa informação e iremos confrontar essa perspetiva, esse olhar de dentro, com uma avaliação externa, ou seja, as mesmas funções, mas vistas de fora, por um Gabinete estatal na minha dependência direta, como já avancei noutro artigo deste blog da campanha.
Agradeço ao Filomeno Pina o seu valioso contributo, em artigo recente, para essa reflexão, que me permitirá melhorar a ideia. Posso mesmo avançar que já tenho a pessoa certa para essa função, que será anunciada em tempo oportuno.
Defendo pois que as pessoas que trabalham no Estado, que pretendemos levar por diante, têm de ser capazes. O Governo, cuja proposta de constituição acabo de apresentar, é um Governo de pessoas capacitadas por uma boa formação e longa experiência. O que não quer forçosamente dizer que sejam competentes para o cargo para o qual os(as) escolhi. Porque não basta o ser capaz, é preciso esforço, dedicação, abnegação e até, por vezes sacrifício.
Evitei, ao longo desta campanha eleitoral, fazer promessas populistas, como ouvi alguns colegas a fazer. Eu não prometo um mar de rosas para amanhã, quero deixar isso bem claro. Partindo quase do zero, não podemos esperar acordar no Paraíso no dia seguinte às eleições. Ocorrem-me as palavras de Winston Churchill, no seu famoso discurso na rádio na tomada de posse como Primeiro-Ministro de um Gabinete de Guerra: «Nada mais tenho para vos propor senão sangue, suor e lágrimas».
Por isso, não exijo apenas capacidade, mas também competência, na prática do dia a dia, na lide com as dificuldades. Mas, mesmo isso, não me bastará. Vou exigir consistência, ou seja ver traduzida em eficácia essa competência. Não temos mais tempo a perder na rampança que se segue, depois destas eleições, que é a do desenvolvimento, da sustentabilidade, mas também um desafio cultural e identitário, de conservarmos a maravilhosa diversidade do nosso povo e do nosso território.
Peço-vos que parem um pouco para pensar nas várias propostas que ouviram ao longo desta campanha eleitoral e não se deixem embalar com músicas e discursos pouco consistentes.
Apelo a todos e a todas, eleitores e eleitoras, mon ku mon, para irmos votar na maior das calmas, depois de um dia de reflexão.
Pa lantanda nô terra!
Vou pedir a cada funcionário para se sentar, com um pedaço de papel, e escrever qual é, na sua opinião, a sua função. Seguidamente, que descreva a sua rotina semanal, com ênfase na semana corrente. Compilaremos toda essa informação e iremos confrontar essa perspetiva, esse olhar de dentro, com uma avaliação externa, ou seja, as mesmas funções, mas vistas de fora, por um Gabinete estatal na minha dependência direta, como já avancei noutro artigo deste blog da campanha.
Agradeço ao Filomeno Pina o seu valioso contributo, em artigo recente, para essa reflexão, que me permitirá melhorar a ideia. Posso mesmo avançar que já tenho a pessoa certa para essa função, que será anunciada em tempo oportuno.
Defendo pois que as pessoas que trabalham no Estado, que pretendemos levar por diante, têm de ser capazes. O Governo, cuja proposta de constituição acabo de apresentar, é um Governo de pessoas capacitadas por uma boa formação e longa experiência. O que não quer forçosamente dizer que sejam competentes para o cargo para o qual os(as) escolhi. Porque não basta o ser capaz, é preciso esforço, dedicação, abnegação e até, por vezes sacrifício.
Evitei, ao longo desta campanha eleitoral, fazer promessas populistas, como ouvi alguns colegas a fazer. Eu não prometo um mar de rosas para amanhã, quero deixar isso bem claro. Partindo quase do zero, não podemos esperar acordar no Paraíso no dia seguinte às eleições. Ocorrem-me as palavras de Winston Churchill, no seu famoso discurso na rádio na tomada de posse como Primeiro-Ministro de um Gabinete de Guerra: «Nada mais tenho para vos propor senão sangue, suor e lágrimas».
Por isso, não exijo apenas capacidade, mas também competência, na prática do dia a dia, na lide com as dificuldades. Mas, mesmo isso, não me bastará. Vou exigir consistência, ou seja ver traduzida em eficácia essa competência. Não temos mais tempo a perder na rampança que se segue, depois destas eleições, que é a do desenvolvimento, da sustentabilidade, mas também um desafio cultural e identitário, de conservarmos a maravilhosa diversidade do nosso povo e do nosso território.
Peço-vos que parem um pouco para pensar nas várias propostas que ouviram ao longo desta campanha eleitoral e não se deixem embalar com músicas e discursos pouco consistentes.
Apelo a todos e a todas, eleitores e eleitoras, mon ku mon, para irmos votar na maior das calmas, depois de um dia de reflexão.
Pa lantanda nô terra!
Formação de Governo
Conforme a agenda, vai começar, dentro de momentos, a Conferência de Imprensa na sede de Bissau, para apresentação de proposta de constituição de Governo.
Nota prévia:
As pessoas nomeadas para os cargos não foram previamente consultadas. A presente proposta é da inteira responsabilidade do PUSD.
Ministério dos Negócios Estrangeiros - Domingos Simões Pereira
Ministério das Finanças - Helder Vaz
Ministério da Educação - Iva Cabral
Ministério da Saúde - Filomeno Pina
Ministério da Justiça - Silvestre Alves
Ministério da Defesa - Emílio Costa
Ministério do Interior - Lucinda Barbosa
Ministério da Agricultura, Pescas e Recursos Naturais - Florentino Mendes Pereira
Ministério da Cultura - Fernando Casimiro
Ministério do Turismo - Valdir da Silva
4 Ministros Residentes nas Regiões, a nomear
As secretarias de Estado não serão providas
Nota prévia:
As pessoas nomeadas para os cargos não foram previamente consultadas. A presente proposta é da inteira responsabilidade do PUSD.
Constituição do Governo
Ministério dos Negócios Estrangeiros - Domingos Simões Pereira
Ministério das Finanças - Helder Vaz
Ministério da Educação - Iva Cabral
Ministério da Saúde - Filomeno Pina
Ministério da Justiça - Silvestre Alves
Ministério da Defesa - Emílio Costa
Ministério do Interior - Lucinda Barbosa
Ministério da Agricultura, Pescas e Recursos Naturais - Florentino Mendes Pereira
Ministério da Cultura - Fernando Casimiro
Ministério do Turismo - Valdir da Silva
4 Ministros Residentes nas Regiões, a nomear
As secretarias de Estado não serão providas
Entrevista de fundo
A presidente do Partido foi hoje entrevistada pelo mais antigo e de maior tiragem diário da Nigéria, o Nigerian Tribune. Na entrevista foram-lhe colocadas algumas questões, que Carmelita Pires aproveitou bem para expor a sua opinião sobre vários assuntos.
Tradução
A Sra. Carmelita Pires, ex-ministra da Justiça da Guiné-Bissau e candidata a Primeira-Ministra nas próximas eleições legislativas na Guiné-Bissau, fala, nesta entrevista com Seyi GESINDE, sobre os seus programas de governação, da relação bi-lateral do seu país com Portugal e dos planos para tornar o seu país financeiramente independente.
Trechos da entrevista:
Por que razão se candidata ao cargo de primeira-ministra do seu país, a Guiné-Bissau?
Se me candidato a este cargo, é porque quero saldar a dívida para com o meu país. A minha geração (tenho 50 anos de idade) teve acesso privilegiado a uma educação de qualidade, no contexto de esperança depositada pelo povo na independência nacional, a qual foi duramente conquistada depois de uma longa guerra de libertação, liderada pelo nosso grande líder, Amílcar Cabral, que infelizmente não viveu o suficiente para conduzir o processo. Hoje, quando olho para a realidade, a pobreza extrema, os sistemas de educação, saúde e justiça, completamente desmantelados,compreendo a sorte que tive. Toda a formação e experiência que acumulei, vieram juntar-se a uma vocação já antiga para a política, e o fato de me sentir inconformada com toda a confusão e desordem que grassa no meu querido país, levou-me a aceitar este desafio, propondo aos meus compatriotas, a aposta na formação de um governo inclusivo. Os lemas principais deste meu projeto podem ser resumidos em três pares de palavras : Ordem & Organização; Responsabilidade & Rigor; Competência & Consistência, ou seja, OO - RR - CC, que escolhi como slogans para a minha campanha .
Ainda a recuperar das sequelas do golpe de Estado de há dois anos no país, com um novo processo político em curso, acha que as pessoas estão prontas para um governo democraticamente eleito?
O povo, o que inclui os militares, estão prontos para qualquer proposta séria que possa trazer-lhes paz, harmonia e um mínimo de desenvolvimento. Na quarta-feira, a Voz da América (VOA), num artigo dedicado à Guiné-Bissau, afirmou que as pessoas estão cansadas de promessas. Este pequeno país, com pouco mais de um milhão e meio de habitantes, tem um grande número de partidos, dezenas, dos quais apenas 15 foram aprovadas pelo Supremo Tribunal para se candidatar a estas eleições, o que traduz bem o nosso desejo de uma mudança radical para a Guiné- Bissau, quebrando assim com os ciclos viciosos de instabilidade política das últimas quatro décadas, após o assassinato do nosso amado líder, Amílcar Cabral. Para responder à sua pergunta, mais do que pronto, o povo está com fome de mudança.
A apenas alguns dias para as eleições, o Primeiro Ministro Português, Pedro Passos Coelho, falou sobre a implosão do Estado da Guiné-Bissau por causa do tráfico de drogas, foi criticado por muita gente, porquê?
A poucos dias da eleição, falar da "implosão do Estado da Guiné-Bissau por causa do tráfico de drogas" é totalmente desadequado. Como ex-ministra da Justiça, responsável pela luta contra o tráfico de drogas, estou excepcionalmente qualificada para o afirmar. Indo às urnas para escolher um novo governo e um novo presidente, investido de uma nova legitimidade acima de qualquer suspeita, este é um momento de esperança . É hora de levantar a cabeça. Uma palavra de incentivo teria sido mais apropriado. Ainda menos justificada neste contexto, é a manifestação portuguesa de interesse em participar numa missão da ONU. Portugal recusou tropas para a operação dessa organização na República Centroafricana. Esta oferta seletiva é bastante desapropriada. Falar sobre cooperação também parece ser um equívoco. Cooperação envolve duas vontades independentes e baseia-se num diálogo. A decisão de anunciar os detalhes de um programa de cooperação na ausência de autoridades legítimas, pode ser percebida como unilateral e prematura. Alguma prudência seria apreciada por parte da antiga potência colonial. Portugal tem vindo a assediar a Guiné-Bissau nos últimos dois anos. Agora está na altura de respeitar a vontade do povo, expressa pelo voto. Se for eleita, não vou tolerar ofensas contra a soberania, ou que menosprezem o meu país.
Há muitos portugueses no seu país, a Guiné-Bissau é uma ex-colónia de Portugal, esse país (Portugal) ainda demonstra um grande nível de envolvimento com a sua administração central, julga que isso continua a afetar a democracia interna? Como se propõe lidar com isso?
Os portugueses na Guiné-Bissau são nossos amigos, como ficou demonstrado, há dois anos, ao criticarem Portugal pela tentativa de "evacuar" os seus cidadãos, após o golpe (na realidade não passava de pretexto para uma eventual intervenção militar). Dos cerca de cinco mil portugueses no país, nem um único se dirigiu ao Consulado com esse fim . Esses portugueses não estão envolvidos na administração central, sendo, principalmente, comerciantes, agricultores e cooperantes, mas não têm quaisquer responsabilidades ao nível do estado. Infelizmente, o problema ocorreu há 40 anos, quando o país, ainda sem recursos humanos preparados para assumir os destinos da nação, rompeu com os quadros da administração colonial, promovendo pessoas mal preparadas e pessoal que estudara na antiga União Soviética, sem consistência ou criatividade para enfrentar os desafios e limitações no terreno, treinados para obedecer e não para pensar motivados pelas suas próprias cabeças ou para caminhar pelos seus próprios pés. Faço minhas as palavras de Amilcar Cabral, quando disse que "a nossa luta não é contra o povo português, mas contra o regime colonial." Hoje, somos contra a mentalidade neo-colonial nas relações bilaterais com o executivo português, o qual aliás tem sido bastante contestado internamente.
A maioria dos projetos do governo são dependentes de financiamento externo, quais são os seus programas económicos para tornar o país financeiramente independente?
A primeira coisa a fazer é tratar da reconstrução do Estado, que atualmente é completamente inexistente. Isso implica o controlo das fontes de divisas, especialmente da pesca, mineração e indústria florestal. Um controlo apertado, bem como o reforço da supervisão, permitirá, a curto prazo, o encaixe de receitas para financiar as áreas mais necessitadas e a consolidação do Estado. A nossa prioridade é lutar contra abordagens predatórias dos nossos recursos, com origem na opacidade assumida pelas respetivas concessões. Propomo-nos começar por um inventário sério, criar uma massa crítica nacional de informações, o que nos permitirá tomar as decisões adequadas nesta área, em termos de sustentabilidade para os recursos vivos, como peixe e florestas. Graças às facilidades oferecidas pelas novas tecnologias de informação, queremos transformar a Guiné-Bissau no primeiro ciber-estado: qualquer decisão do governo, será imediatamente divulgada no site governamental; implementaremos um sistema de informação geográfica e administrativa, permitindo a qualquer cidadão, em qualquer lugar do país, aceder a qualquer acto, como um simples pagamento acabado de fazer. Consolidar a confiança dos cidadãos, com a transparência que garante essa publicidade. Estaremos atentos a todas as tentativas de desvirtuar o sistema a ser implementado, verificando continuamente a sua consistência a todos os níveis; incentivaremos vários tipos de feedback, seja através do cidadão comum, ao qual será permitido denunciar, mesmo que anonimamente, factos suspeitos, mas também incentivar todo o tipo de "watch dogs" contra nós próprios. Conseguiremos assim banir a corrupção do nosso país e recuperar a dignidade, a credibilidade e o prestígio que o nosso país já teve, com Amilcar Cabral, junto de todos os africanos. Queremos transformar este país num exemplo de louvar.
A Guiné-Bissau, desde a independência, tem sido governada sobretudo por um sistema de partido único, acha que isso é bom para a democracia e, se tudo continuar na mesma, não acha que isso vai encorajar a ditadura?
Continuamos a viver sob uma hegemonia dissimulada do PAIGC, a coberto de uma polarização com outro partido, o PRS. A divisão em pequenos partidos e a dispersão de votos associados ao sistema de Hondt, que favorece os partidos maiores, tem dificultado o surgimento de uma terceira via. Por essa razão fiz um apelo aos pequenos partidos para juntarmos os votos no âmbito de uma Aliança Patriótica, liderada pelo meu partido (PUSD) para contrariar esse cenário. Acho que o problema real é mais o de incentivar a instabilidade do que o de incentivar a ditadura, e isso por causa da falta de liderança. É por isso que adotei uma postura de firmeza. Apenas um exemplo: quando tivemos um pequeno incidente no início da campanha eleitoral, com o espancamento de um candidato por parte dos militares, dirigi-me ao Hospital Militar, num gesto de solidariedade para com o meu colega, contribuindo para a libertação do envolvido e colocando um ponto final no caso.
O Conselho de Segurança da ONU, na sua abordagem à transição política na Guiné-Bissau, no ano passado, mostrou-se preocupado com a "cultura de impunidade e falta de responsabilidade" na Guiné- Bissau e pediu a implementação de uma Conferência Nacional sobre a Impunidade, Justiça e Direitos Humanos. Essas medidas foram tomadas e as resoluções implementadas?
Ações incipientes foram promovidas por mais do que uma organização internacional, mas isto não pode ser feito ao nível de uma simples conferência. Esse papel pertence ao novo governo, com a implementação de um Estado de Direito. Sei o que estou a dizer, como ex-Ministra da Justiça. Quase tudo está por fazer. Não vamos insistir muito com o passado, que devemos estudar para evitar incorrer nos mesmos erros, mas agora queremos reconstruir o nosso país a partir de praticamente zero; por outro lado, serei determinada e rigorosa no presente e comprometida com o futuro, não abdicarei quanto a esse ponto. Os nossos objetivos e preocupações sobre a nossa própria responsabilidade, é um forte sinal do nosso compromisso sobre este assunto.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Visita à Tabanka de Tabadjenque
Hoje foi um dia intenso...
Clicar nas fotos para ampliar
Passámos por várias tabankas, em todo o lado tivemos receções fantásticas.
Todos e todas nos esperavam, curiosos e entusiasmados.
Muita efusividade e alegria, acompanhadas por íntimas manifestações de confiança na candidata do PUSD a Primeira-Ministra e no nosso projeto.
Aperfeiçoei o meu fula, cujos rudimentos aprendi com a minha avó paterna, lembrava-me do Nôpindo (Bom dia), Djametum (bem obrigado) e o Djarama (obrigado).
Agora, com o vocabulário enriquecido, termino os discursos com Votaném dêhôou (votem nas mulheres), Yandi (por favor) e Fi Alá (por amor de Deus).
Todos riem e nos despedimos alegremente, na esperança de um novo país.
Estou a aprender imenso, nestes poucos dias de campanha que sobraram, com a sabedoria do nosso povo.
Em zonas remotas do nosso território, onde o Estado falta em tudo, ou quase tudo, encontrei uma ordem e uma organização invejável.
Marcou-me especialmente a passagem pela Tabanka de Tabadjenque, onde formámos um perímetro retangular à sombra de um enorme poilão.
Obrigada a todas e todos.
As mulheres sobretudo, mostraram uma especial deferência para com a Presidente do Partido.
Mindjer di Guiné-Bissau ku PUSD!
A internet é lentíssima em Gabú, a rede fica «pendurada» vezes sem conta, para já fica esta pequena amostra.
Amanhã, tentaremos colocar no FaceBook de campanha algumas fotografias de outras tabankas por onde passámos.
Mon ku Mon!
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Passámos por várias tabankas, em todo o lado tivemos receções fantásticas.
Todos e todas nos esperavam, curiosos e entusiasmados.
Muita efusividade e alegria, acompanhadas por íntimas manifestações de confiança na candidata do PUSD a Primeira-Ministra e no nosso projeto.
Aperfeiçoei o meu fula, cujos rudimentos aprendi com a minha avó paterna, lembrava-me do Nôpindo (Bom dia), Djametum (bem obrigado) e o Djarama (obrigado).
Agora, com o vocabulário enriquecido, termino os discursos com Votaném dêhôou (votem nas mulheres), Yandi (por favor) e Fi Alá (por amor de Deus).
Todos riem e nos despedimos alegremente, na esperança de um novo país.
Estou a aprender imenso, nestes poucos dias de campanha que sobraram, com a sabedoria do nosso povo.
Em zonas remotas do nosso território, onde o Estado falta em tudo, ou quase tudo, encontrei uma ordem e uma organização invejável.
Marcou-me especialmente a passagem pela Tabanka de Tabadjenque, onde formámos um perímetro retangular à sombra de um enorme poilão.
Obrigada a todas e todos.
As mulheres sobretudo, mostraram uma especial deferência para com a Presidente do Partido.
Mindjer di Guiné-Bissau ku PUSD!
A internet é lentíssima em Gabú, a rede fica «pendurada» vezes sem conta, para já fica esta pequena amostra.
Amanhã, tentaremos colocar no FaceBook de campanha algumas fotografias de outras tabankas por onde passámos.
Mon ku Mon!
quarta-feira, 9 de abril de 2014
O papel das Forças Armadas
Face aos múltiplos sinais de preocupação, que nos chegam pelas mais diversas vias e se manifestam de variadas formas, tanto interna como externamente, quanto ao papel das Forças Armadas, no decurso do ato eleitoral que se realizará no Domingo e no período pós-eleições, senti a necessidade de me pronunciar sobre o assunto.
Não duvido do carácter nacional das FA, nem da sua submissão à vontade popular. As FA também fazem parte do povo! Como afirmou recentemente um candidato às presidenciais, «as FA não são fator de instabilidade». São um pilar da nossa soberania e independência, tão duramente conquistadas. O seu papel, num futuro Governo de unidade nacional inclusivo, ao abrigo de um Pacto de Regime, que tanto temos vindo a defender, é dos mais importantes. Acredito que as FA são competentes e estarão à altura do desafio. Nô djunta mon ku mon.
Caso venha a ser Primeira-Ministra, hei-de entender-me com o Presidente eleito, para que a UNIDADE das Forças Armadas seja preservada, no respeito pela ordem & organização. Saberei recomendar e convencer o Presidente a evitar mudanças bruscas e a saber esperar por sucessos políticos e regularidade nas remunerações da nossa tropa (falhanços dos políticos que foram a origem de tantos males), antes de qualquer intromissão na cadeia hierárquica, esperando que a instituição decida internamente da melhor forma de preservar essa unidade, que faz a sua força.
Por isso, quando, há dias, me ligaram da ECOMIB, via CNE, a informar que esta força estava disponível para garantir segurança aos candidatos que manifestassem essa intenção, a minha reacção instintiva foi a de responder que não preciso de segurança de forças estrangeiras, sejam elas quais forem e por melhores que sejam as suas intenções. As garantias de segurança das minhas Forças Armadas chegam-me. Estou convicta de que essas minhas Forças Armadas, que fizeram a admiração do mundo, não desejam mais, como todas e todos nós, senão o progresso e a concórdia nacional, que dependem essencialmente, da estabilidade e credibilidade governativa, assentes na vontade do povo e numa forte esperança de mudança.
Não duvido que a ruptura radical, que tenho vindo a defender, nos tragam frutos no curto prazo, e sucessos sustentados numa frente comum pela dignidade e pelo desenvolvimento. Esta nossa rampança defende isso mesmo: mudança e esperança!
Gabú ku PUSD
terça-feira, 8 de abril de 2014
Conferência de Imprensa
Realizou-se hoje, na sede do PUSD, uma conferência de imprensa, para lançar um desafio público aos pequenos Partidos, para confluírem numa vasta aliança patriótica que eleve ao cargo de Primeira-Ministra a candidata pelo PUSD, Carmelita Pires.
Estiveram presentes vários órgãos de comunicação, nacionais e estrangeiros: Rádio Bombolom, Rádio Jovem, Rádio Pindjiguiti, Rádio Sol Mansi, RTP África, Jornal, Donos da Bola. Esperemos que as lideranças partidárias ouçam este apelo, o façam seu e que no Domingo, todos e todas estejamos a votar em sintonia.
Estiveram presentes vários órgãos de comunicação, nacionais e estrangeiros: Rádio Bombolom, Rádio Jovem, Rádio Pindjiguiti, Rádio Sol Mansi, RTP África, Jornal, Donos da Bola. Esperemos que as lideranças partidárias ouçam este apelo, o façam seu e que no Domingo, todos e todas estejamos a votar em sintonia.
Nô djunta mon, pa lantanda nô terra!
Oiça o audio da Conferência de Imprensa, em Partilha de Ficheiros, na barra lateral à direita.
A RTP África também está a passar um pequeno trecho.
Ver ainda artigo no blog Intelectuais Balantas na Diáspora.
Oiça o audio da Conferência de Imprensa, em Partilha de Ficheiros, na barra lateral à direita.
A RTP África também está a passar um pequeno trecho.
Ver ainda artigo no blog Intelectuais Balantas na Diáspora.
Presidente do Parlamento Timorense
«Acima das nossas diferenças individuais e partidárias está a unidade nacional, porque todos temos que lutar para que possamos viver numa mesma casa, num mesmo país e com regras bem estabelecidas pela Constituição, pelas leis»
Para Vicente Guterres, a Guiné-Bissau vai conseguir ultrapassar os problemas, mas «tem de olhar para o interesse nacional, para o interesse de todos».
Ver fonte.
Para Vicente Guterres, a Guiné-Bissau vai conseguir ultrapassar os problemas, mas «tem de olhar para o interesse nacional, para o interesse de todos».
Ver fonte.
Ramos Horta
O representante do Secretário Geral das Nações Unidas, apresentou, numa Conferência dedicada à Paz e Segurança, em Haia, um discurso centrado no exemplo da Guiné-Bissau, intitulado «The rule of law as driver of change»
A conclusão:
The rule of law can be a driver of change but only if we work in partnership and the partnerships we build must be broader and more inclusive.
We must listen more and tell others what to do less. Seemingly impossible challenges can be overcome…miracles can happen.
«Desafios aparentemente impossíveis podem ser vencidos... Milagres podem acontecer.»
A conclusão:
The rule of law can be a driver of change but only if we work in partnership and the partnerships we build must be broader and more inclusive.
We must listen more and tell others what to do less. Seemingly impossible challenges can be overcome…miracles can happen.
«Desafios aparentemente impossíveis podem ser vencidos... Milagres podem acontecer.»
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Desafio aos pequenos partidos
O método de Hondt é conhecido por favorecer os partidos maioritários.
Vamos ilustrar como a dispersão dos votos, devido à divisão em muitos partidos, prejudica claramente a emergência de uma alternativa, de uma terceira via. Para exemplificar, recorremos aos dados das eleições de 2008, pegámos no círculo maior, o círculo 12 (Bafatá / Galomaro) e num dos mais pequenos, o 18 (Sonaco).
Tanto num como noutro destes círculos, só o PAIGC e o PRS elegeram deputados.
No círculo 12 (no qual o PUSD obteve 797 votos), o PAIGC elegeu 5 deputados e o PRS um deputado. No círculo 18 (no qual o PUSD obteve 1149 votos), o PAIGC elegeu 2 deputados e o PRS um deputado.
Começamos por apresentar o que aconteceu de facto nesse ano:
Círculo
|
Deputados
|
PAIGC
|
PAIGC/2
|
PAIGC/3
|
PAIGC/4
|
PAIGC/5
|
PRS
|
12
|
6
|
10.252
|
5.126
|
3.417
|
2.563
|
2.050
|
2.887
|
18
|
3
|
3.741
|
1.871
|
1.567
|
Apresentamos em seguida um outro cenário, admitindo que os pequenos partidos tinham concorrido todos juntos:
Círculo
|
Deputados
|
PAIGC
|
PAIGC/2
|
PAIGC/3
|
Todos
|
Todos/2
|
Todos /3
|
12
|
6
|
10.252
|
5.126
|
3.417
|
11.318
|
5.659
|
3.773
|
18
|
3
|
3.741
|
5.931
|
2.966
|
Como se pode constatar, o Partido «Todos juntos» teria obtido 5 dos 9 deputados em causa, em vez de, pura e simplesmente, uma mão cheia de nada!
O que está em jogo, a nível nacional? Trocar as expetativas particulares de cada um dos pequenos partidos, a um ou dois deputados na melhor das hipóteses, por um grande gesto de generosidade e solidariedade nacional, contribuindo para a formação de um novo Governo inclusivo, dotado de uma inquestionável legitimidade.
O PAIGC e o PRS estão divididos e enfraquecidos. Este é o momento para darmos relevo à voz dos descontentes e inconformados. Desafio-vos a aderirem à dinâmica deste projeto. Vamos adotar o lema «O nosso Partido é a Guiné-Bissau»?
Carmelita Pires
Carmelita Pires
Já chega!
Iva Cabral, Reitora da Universidade Lusófona de Cabo Verde e filha de Amílcar Cabral, deu uma entrevista histórica ao jornalista Umaro Djau, do site GBissau.com, no contexto do atual momento de renovação política. A entrevista à Rádio Gumbé começa ao minuto 94 (1:34:00): pode aceder ao ficheiro aqui.
Essa reunião, para aproveitar a paragem na campanha eleitoral devido ao luto nacional, decorreu na sede de Bissau, e nela foram discutidas formas de participação política futura, tendo a Plataforma manifestado um efusivo apoio ao projeto do Partido, realçando a intenção de unir os pequenos Partidos numa alternativa.
Ouvir a Iva fez-nos lembrar a Presidente do Partido. Não só por esta ser tratada por Ita, pelos seus próximos, mas sobretudo pela grande sintonia de pontos de vista entre estas duas grandes mulheres. Sem nunca referir Carmelita pelo nome ou o do seu / nosso Partido, sentiu-se que era dela que falava.
Este é um apoio moral importante, que desejamos venha fortalecer a nossa candidata à liderança deste país. Ouviu-se Iva Cabral, sempre com muita emoção e esperança, retomar as grandes linhas orientadoras da campanha do nosso Partido, o PUSD. A nossa rampança está a despertar muitas emoções e adesões.
A doutora Iva Cabral começou por lembrar o importante papel da mulher guineense durante a Guerra de Libertação, defendendo que nenhum país se pode desenvolver com mulheres incultas, pois são elas que vão educar as novas gerações, sendo muitas vezes também quem sustenta a família, que o homem deserta.
A doutora Iva Cabral começou por lembrar o importante papel da mulher guineense durante a Guerra de Libertação, defendendo que nenhum país se pode desenvolver com mulheres incultas, pois são elas que vão educar as novas gerações, sendo muitas vezes também quem sustenta a família, que o homem deserta.
Comparando com a situação em Cabo-Verde, diz que é necessário educar as jovens para que não engravidem muito cedo, para que acabem o Liceu, as mais capazes cheguem à universidade, pois só assim poderão vir a ocupar cargos de relevo na sociedade, contribuindo para o desenvolvimento sustentado.
Afirma depois que, na Guiné, as mulheres estão a desempenhar, no presente cenário eleitoral «um papel preponderante». Ao que acrescenta «As mulheres têm de tomar posições firmes». Sensivelmente à mesma hora, a Presidente e as mulheres candidatas pelo PUSD reuniam com a Plataforma política de mulheres.
Essa reunião, para aproveitar a paragem na campanha eleitoral devido ao luto nacional, decorreu na sede de Bissau, e nela foram discutidas formas de participação política futura, tendo a Plataforma manifestado um efusivo apoio ao projeto do Partido, realçando a intenção de unir os pequenos Partidos numa alternativa.
Essa foi também a grande mensagem deixada por Iva Cabral. Condenando a dispersão dos votos, a ausência de verdadeiro debate, o «número excessivo de partidos», apontou o dedo às elites: «Todos querem ser Presidente, cada um cria o seu partido». Lembrou o lema de Cabral: UNIDADE.
«Já chega!», exclamou. É necessária unidade. Apontou Cabo-Verde, onde existem três Partidos que disputam as eleições. «Esse é o número ideal de Partidos: 3». E remete para a vontade do povo, das elites políticas, das elites militares. Esse é o grande desafio lançado pelo PUSD e pela sua Presidente.
Quando Umaro perguntou se havia um pensamento de seu pai que a tivesse especialmente marcado, Iva Cabral referiu o importante lema, cuja escolha já havíamos elogiado aqui neste blog, ao Movimento Ação Cidadã: «Pensar pelas nossas próprias cabeças». Esse é o desafio. Já chega de alienação.
Outra pergunta, no mesmo género, inquiria acerca da aplicabilidade atual das ideologias políticas de Amílcar Cabral, ao que a doutora respondeu (talvez um pouco «terra a terra» para os homens, mas as mulheres são mais práticas, pelo senso comum e pelas coisas simples) que para resolvermos a situação...
«não são precisos ismos, como comunismo ou socialismo. É preciso vontade de servir a Guiné-Bissau. E não o contrário, como muitos, que apenas mostram vontade de se servir da democracia, das eleições, da confiança depositada pelo povo. O grande revolucionário é aquele que é honesto.»
Iva Cabral afirma ainda ter uma grande esperança numa certa geração de guineenses, que já demonstraram a sua capacidade inteletual e profissional no exterior. Uma nota de esperança, dirigida aqueles e aquelas que sentem que têm uma dívida a saldar para com o país, relativa à educação privilegiada de que beneficiaram.
Muitos e muitas desses bons filhos e filhas da Guiné-Bissau estão na Diáspora, mas são uma reserva moral da nação, para um arranque rumo ao desenvolvimento. É urgente enterrar a diasporafobia, baseada nos mesmos complexos que conduziram ao assassinato de Cabral e ao 14 de Novembro de 1980.
Iva Cabral dá o seu próprio exemplo, para terminar, respondendo à questão de Umaro, sobre se se sente mais cabo-verdeana ou mais guineense: respondeu que se sente inteletualmente mais ligada a Cabo Verde; mas que, sentimentalmente, está mais ligada à Guiné, onde gostaria de viver e de acabar os seus dias.
«Tenho idade já suficiente para fazer o que gosto. Gostaria de servir a Guiné-Bissau. Estou disposta a servir a Guiné.» Seja bem vinda! Vamos criar condições para o retorno daqueles e daquelas, na Diáspora, que, como Iva Cabral, digna herdeira de seu Pai, queiram dar o seu contributo positivo para esta terra.
domingo, 6 de abril de 2014
Responsabilidade & Rigor
Responsabilidade vem do latim respondere. Responsabilidade implica que o sujeito responde por aquilo por que é responsável. Merece um elogio, se tudo correr bem; merece uma chamada de atenção, se nem tudo correr bem, para que para a próxima possa fazer melhor; merece reflexão, se tudo correr de forma desastrosa. A falta de uma cultura de rigor, a condescendência para com a irresponsabilidade, em nada ajudam ao desenvolvimento da sociedade, ao corromper a confiança depositada nos seus atores.
É uma questão de mentalidade, com a qual é preciso lidar. Em primeiro lugar, o Estado tem de dar o exemplo. É necessária uma cultura de responsabilidade e rigor a todos os níveis, em termos de governação, para evitar desperdícios e aproveitar ao máximo os parcos recursos de que podemos, para já, dispor. E essa prova de responsabilidade deveria começar pelo discurso eleitoral. Tal como afirmei ontem no CCF, custa-me estar a debater panfletos propondo tudo para todos, Educação, Saúde, Justiça, etc...
Tudo isso é muito bonito, são coisas com que todos vamos concordar, mas estamos a desvirtuar o debate. Para isso, mais vale juntarmos todos à mesma mesa e, com ordem, tratarmos da organização necessária para que isso seja uma realidade. Com responsabilidade e rigor. Sem fingimentos. Frontalmente. Olhando com olhos de ver, colocando o dedo na ferida, insistindo, teimando, nunca desistindo, enquanto não atingirmos os objectivos que previamente traçarmos, com base num comum acordo.
Temos de evoluir. Abandonar os maus princípios. E teremos de encontrar em nós próprios, na diversidade da nossa identidade coletiva, a força anímica necessária para essa revolução mental pa lantanda nô terra. Devemos ponderar e ajuizar dos imensos ganhos sociais, que uma iniciativa dessas acarretaria, por pequenos que fossem os ganhos que fossemos conquistando e consolidando: seriam nossos. E viriam aumentar a auto-estima do guineense, a nossa auto-confiança enquanto nação.
Um bom exemplo de responsabilização, é o caso do Governo de Timor-Leste. O Governo definiu muito bem as competências e responsabilidade de cada membro do Governo, publicando-as na internet, com os respetivos contatos. Propomo-nos ir mais longe. Reorganizar o Estado desde a raiz, numa filosofia on-line, de transparência total de todos os seus actos. Em vez do primeiro narco-estado, passaríamos a ser o primeiro ciber-estado. Talvez o nosso atraso possa mesmo tornar-se uma vantagem!
Efetivamente, a tecnologia hoje é relativamente barata. Enquanto os países mais avançados têm de arrastar com o peso histórico e burocrático da administração, nós podemos começar do zero, sem vícios, pensar e fazer as coisas bem feitas. E temos vários recursos reflexivos sobre o país que podem ajudar nesse projeto, desde sites a blogs. Investidos no papel de «watch dogs», vamos pedir-lhes que continuem a interessar-se pela Guiné-Bissau, que denunciem todas as situações menos claras ou suspeitas.
O que propomos, para além de uma campanha de moralização do Estado, baseada na exigência de responsabilidade e rigor, é um estado de auditoria permanente, no qual a informação, o feed-back das nossas políticas esteja disponível o mais rapidamente possível, de preferência imediatamente, para facilitar a tomada de decisão quanto a medidas corretivas. Não bastam boas intenções, é necessário um rigoroso acompanhamento de consistência e não fechar os olhos aos erros.
Neste âmbito, promoveremos a criação de um Gabinete, na dependência direta da Primeira-Ministra, encarregue de verificar que todas as responsabilidades estão bem definidas quanto aos cargos do Estado, que não há sobreposições ou conflitos, bem como apurar com rigor responsabilidades no seu exercício, nomeadamente combatendo a corrupção, propondo medidas paliativas à Primeira-Ministra, incluindo a destituição, nos casos em que se justifique, ou a promoção.
Quem não tem nada a esconder, não teme. Esse é o princípio da boa-fé. Por isso defendemos um estado que se possa ver à transparência. Essa é uma responsabilidade que assumimos. Ser rigorosos(as), recusar chamar vaca a um boi, apenas por conveniência momentânea... Temos todos de aprender a ser inconvenientes, quanto temos a razão e a verdade do nosso lado. Não condescender, não aceitar, fincar o pé. Vamos acabar com a corrupção, com a falta de responsabilidade e de rigor.
Muitos, quando se fala em responsabilidade, só vêm o lado que lhes convém: o estatuto que dá o cargo de Deputado ou de Ministro, por exemplo (para além do dinheiro). Não queremos Deputados ou Governantes desses. Queremos pessoas responsáveis, dispostas a colocar a mão na massa, prontas a aceitar trabalhar em péssimas condições, imbuídas de espírito de sacrifício em prol do bem comum e não motivadas apenas pela sua ganância individual. Precisamos de uma chicotada psicológica!
É uma questão de mentalidade, com a qual é preciso lidar. Em primeiro lugar, o Estado tem de dar o exemplo. É necessária uma cultura de responsabilidade e rigor a todos os níveis, em termos de governação, para evitar desperdícios e aproveitar ao máximo os parcos recursos de que podemos, para já, dispor. E essa prova de responsabilidade deveria começar pelo discurso eleitoral. Tal como afirmei ontem no CCF, custa-me estar a debater panfletos propondo tudo para todos, Educação, Saúde, Justiça, etc...
Tudo isso é muito bonito, são coisas com que todos vamos concordar, mas estamos a desvirtuar o debate. Para isso, mais vale juntarmos todos à mesma mesa e, com ordem, tratarmos da organização necessária para que isso seja uma realidade. Com responsabilidade e rigor. Sem fingimentos. Frontalmente. Olhando com olhos de ver, colocando o dedo na ferida, insistindo, teimando, nunca desistindo, enquanto não atingirmos os objectivos que previamente traçarmos, com base num comum acordo.
Temos de evoluir. Abandonar os maus princípios. E teremos de encontrar em nós próprios, na diversidade da nossa identidade coletiva, a força anímica necessária para essa revolução mental pa lantanda nô terra. Devemos ponderar e ajuizar dos imensos ganhos sociais, que uma iniciativa dessas acarretaria, por pequenos que fossem os ganhos que fossemos conquistando e consolidando: seriam nossos. E viriam aumentar a auto-estima do guineense, a nossa auto-confiança enquanto nação.
Um bom exemplo de responsabilização, é o caso do Governo de Timor-Leste. O Governo definiu muito bem as competências e responsabilidade de cada membro do Governo, publicando-as na internet, com os respetivos contatos. Propomo-nos ir mais longe. Reorganizar o Estado desde a raiz, numa filosofia on-line, de transparência total de todos os seus actos. Em vez do primeiro narco-estado, passaríamos a ser o primeiro ciber-estado. Talvez o nosso atraso possa mesmo tornar-se uma vantagem!
Efetivamente, a tecnologia hoje é relativamente barata. Enquanto os países mais avançados têm de arrastar com o peso histórico e burocrático da administração, nós podemos começar do zero, sem vícios, pensar e fazer as coisas bem feitas. E temos vários recursos reflexivos sobre o país que podem ajudar nesse projeto, desde sites a blogs. Investidos no papel de «watch dogs», vamos pedir-lhes que continuem a interessar-se pela Guiné-Bissau, que denunciem todas as situações menos claras ou suspeitas.
O que propomos, para além de uma campanha de moralização do Estado, baseada na exigência de responsabilidade e rigor, é um estado de auditoria permanente, no qual a informação, o feed-back das nossas políticas esteja disponível o mais rapidamente possível, de preferência imediatamente, para facilitar a tomada de decisão quanto a medidas corretivas. Não bastam boas intenções, é necessário um rigoroso acompanhamento de consistência e não fechar os olhos aos erros.
Neste âmbito, promoveremos a criação de um Gabinete, na dependência direta da Primeira-Ministra, encarregue de verificar que todas as responsabilidades estão bem definidas quanto aos cargos do Estado, que não há sobreposições ou conflitos, bem como apurar com rigor responsabilidades no seu exercício, nomeadamente combatendo a corrupção, propondo medidas paliativas à Primeira-Ministra, incluindo a destituição, nos casos em que se justifique, ou a promoção.
Quem não tem nada a esconder, não teme. Esse é o princípio da boa-fé. Por isso defendemos um estado que se possa ver à transparência. Essa é uma responsabilidade que assumimos. Ser rigorosos(as), recusar chamar vaca a um boi, apenas por conveniência momentânea... Temos todos de aprender a ser inconvenientes, quanto temos a razão e a verdade do nosso lado. Não condescender, não aceitar, fincar o pé. Vamos acabar com a corrupção, com a falta de responsabilidade e de rigor.
Muitos, quando se fala em responsabilidade, só vêm o lado que lhes convém: o estatuto que dá o cargo de Deputado ou de Ministro, por exemplo (para além do dinheiro). Não queremos Deputados ou Governantes desses. Queremos pessoas responsáveis, dispostas a colocar a mão na massa, prontas a aceitar trabalhar em péssimas condições, imbuídas de espírito de sacrifício em prol do bem comum e não motivadas apenas pela sua ganância individual. Precisamos de uma chicotada psicológica!
sábado, 5 de abril de 2014
Mulheres cabeças de lista
O PUSD tem 38 candidatas a deputadas para a ANP, das quais 21 são efetivas. Dessas, há seis cabeças de lista, em primeiro lugar nos respetivos círculos. Na região do Oio, só em Farim a cabeça de lista é um homem, nos restantes círculos (7, 8 e 10), são mulheres. A Presidente do Partido e candidata a Primeira-Ministra concorre pelo círculo 16, Gabú.
Debate no Centro Cultural Francês
Num debate realizado ontem no CCF, envolvendo o PUSD, o PRID e o FDS, vários foram os assuntos abordados, da boa governança à corrupção. A Presidente do Partido, cada vez que acabava de falar, recolhia uma imensa ovação por parte da plateia. Quando se levantou uma senhora, para fazer uma intervenção, a candidata a Primeira-Ministra interrompeu os trabalhos para pedir uma salva de palmas também para aquela Mulher, pela sua iniciativa. Num ambiente que conseguiu descontrair graças ao seu bom humor, Carmelita Pires finalizou fazendo insistentes apelos à união dos pequenos Partidos, antes das eleições, reunindo as intenções de voto numa vasta aliança patriótica, para por cobro à hegemonia do PAIGC e PRS.
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Desagrado no DakarActu
A Nota de Desagrado publicada hoje pela Presidente do Partido, mereceu destaque no jornal senegalês DakarActu, ao lado do falecido Kumba Yalá. Ver notícia.
Poesia
Bin mininu di nha Terra bin ku udjus rostu kansadu
Mininu di nha Guiné, bin ku udjus tristi ku manga di lagrimas
Mininu ku ropas rumpidu na kurpu sin sapatu na pé
Mininu yandadur pata na tchon na karmusa koitadesa
Bin nha mininu, nha kumpanher. Asin ku nsedu ba ma nka muda
Sintimentu du bu dur stan na nha corçon. Ntchora ku bô
Mininu ku na sol kinti kata diskansa, na buska un kinhon pa bariga
Mininu ku na distindi mon pa pidi un pés na prasa kansadu sin speransa
Mininu du nha tabanca abo i gueriadur garandi fidju di bulanha
Na kil dia di kasabi bu kata tene di papia son tchora kta matau
Omis ta fasiu tadjadera na kampu di guera politikus ta usa bu nomi afuam
Bu dedus mungutidu na pidi simolas ku pé nhati na alkatron di Bissau
Omis corçon nudus kata pensa na bô nin na bu futuru. Nha mininu!
Bu ka tene tetu abo i orfon, bu ka tene nada bu sperança lebadu!
Nha mininu nha ermon di corçon kambanta bu mon na nha kosta
Nha mininu. Pa nlambuw ku mon balenti pa npembiu na nha ragas
Pa nbambuw ku nha bam-ba-ran di padida di dus mama!
Nha fidju tchon di Cabral ku borgonha di papendadi bin no bâi
Bin no yanda djuntu na kaminhus di purdon ku union di mamandadi
Bin, mininusinhu bin ka bu kansa yanda konsolo na bin pa bô
Bin ku mi djuntu pa limpa rostu di padidas ku kansa tchora!
Bin mininu di nha Terra pa lantanda nô Terra un bias pa sempri!
Mininu di nha Guiné, bin ku udjus tristi ku manga di lagrimas
Mininu ku ropas rumpidu na kurpu sin sapatu na pé
Mininu yandadur pata na tchon na karmusa koitadesa
Bin nha mininu, nha kumpanher. Asin ku nsedu ba ma nka muda
Sintimentu du bu dur stan na nha corçon. Ntchora ku bô
Mininu ku na sol kinti kata diskansa, na buska un kinhon pa bariga
Mininu ku na distindi mon pa pidi un pés na prasa kansadu sin speransa
Mininu du nha tabanca abo i gueriadur garandi fidju di bulanha
Na kil dia di kasabi bu kata tene di papia son tchora kta matau
Omis ta fasiu tadjadera na kampu di guera politikus ta usa bu nomi afuam
Bu dedus mungutidu na pidi simolas ku pé nhati na alkatron di Bissau
Omis corçon nudus kata pensa na bô nin na bu futuru. Nha mininu!
Bu ka tene tetu abo i orfon, bu ka tene nada bu sperança lebadu!
Nha mininu nha ermon di corçon kambanta bu mon na nha kosta
Nha mininu. Pa nlambuw ku mon balenti pa npembiu na nha ragas
Pa nbambuw ku nha bam-ba-ran di padida di dus mama!
Nha fidju tchon di Cabral ku borgonha di papendadi bin no bâi
Bin no yanda djuntu na kaminhus di purdon ku union di mamandadi
Bin, mininusinhu bin ka bu kansa yanda konsolo na bin pa bô
Bin ku mi djuntu pa limpa rostu di padidas ku kansa tchora!
Bin mininu di nha Terra pa lantanda nô Terra un bias pa sempri!
Valdir da Silva
Nota de desagrado
Como candidata a Primeira-Ministra nas eleições do próximo dia 13 de Abril, na Guiné-Bissau, não posso deixar de me insurgir contra as declarações do Primeiro-Ministro português relativas ao meu país, produzidas em Bruxelas, por ocasião da Cimeira Europa-África. Estamos a sair de um doloroso processo de transição política, na sequência da deposição do anterior Governo pelos militares, há dois anos. Estas eleições, já por mais que uma vez adiadas, resultam de um intenso esforço de conciliação, conduzido pela CEDEAO e pela ONU.
Neste contexto, e a poucos dias das eleições, considerações como «o narcotráfico implodiu o Estado na Guiné-Bissau» são claramente inoportunas. Como ex-Ministra da Justiça, responsável pelo combate ao narco-tráfico, estou particularmente qualificada para o assinalar. Com a ida às urnas para escolher um novo Governo e um novo Presidente, investidos de uma nova legitimidade, acima de todas as suspeitas, este é um momento de esperança. É tempo, para nós, de levantar a cabeça. Justificava-se uma palavra de incentivo.
Muito menos se justifica, neste âmbito, a demonstração da disponibilidade portuguesa para a participação numa Missão da ONU. Portugal recusou à ONU soldados para a República Centro-Africana. É perfeitamente desadequada esta oferta selectiva. Falar em cooperação parece igualmente desajustado. É que cooperação implica duas vontades independentes, um diálogo. Anunciar agenda de cooperação, ainda sem autoridades legítimas, arrisca-se a ser entendido como acto demasiado unilateral e prematuro.
Mesmo que a título de simples candidata, impõe-se-me esta nota de desagrado, a bem da integridade do cargo a que me candidato, independentemente de quem ganhar. Caso seja eleita, não tolerarei ofensas à soberania ou que passem atestados de menoridade ao meu país.
Neste contexto, e a poucos dias das eleições, considerações como «o narcotráfico implodiu o Estado na Guiné-Bissau» são claramente inoportunas. Como ex-Ministra da Justiça, responsável pelo combate ao narco-tráfico, estou particularmente qualificada para o assinalar. Com a ida às urnas para escolher um novo Governo e um novo Presidente, investidos de uma nova legitimidade, acima de todas as suspeitas, este é um momento de esperança. É tempo, para nós, de levantar a cabeça. Justificava-se uma palavra de incentivo.
Muito menos se justifica, neste âmbito, a demonstração da disponibilidade portuguesa para a participação numa Missão da ONU. Portugal recusou à ONU soldados para a República Centro-Africana. É perfeitamente desadequada esta oferta selectiva. Falar em cooperação parece igualmente desajustado. É que cooperação implica duas vontades independentes, um diálogo. Anunciar agenda de cooperação, ainda sem autoridades legítimas, arrisca-se a ser entendido como acto demasiado unilateral e prematuro.
Mesmo que a título de simples candidata, impõe-se-me esta nota de desagrado, a bem da integridade do cargo a que me candidato, independentemente de quem ganhar. Caso seja eleita, não tolerarei ofensas à soberania ou que passem atestados de menoridade ao meu país.
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Mensagem recebida
Recebemos, no email associado a este blog, a seguinte mensagem:
«Eu sigo a situação na Guiné durante muitos anos, e sei bem o valor do pensamento e da ação de Didinho: É bom o PUSD convidar Fernando Casimiro em iniciar uma Guiné diferente. Boa sorte para o candidato Carmelita Pires»
Matteo Candido - Itália
«Eu sigo a situação na Guiné durante muitos anos, e sei bem o valor do pensamento e da ação de Didinho: É bom o PUSD convidar Fernando Casimiro em iniciar uma Guiné diferente. Boa sorte para o candidato Carmelita Pires»
Matteo Candido - Itália
Ressurgimento nacional
Nesta campanha eleitoral, as deslocações que tenho feito pelo território nacional, permitiram confirmar a impressão que já tinha, de que estamos hoje numa situação de extrema indigência. A toda a hora e a todos os níveis, somos confrontados pela mais radical penúria, com um efeito extremamente negativo no nosso orgulho. A nós, na pátria de Cabral, que sonhámos a independência cultural e económica, não nos é dado conformarmos-nos com essa atitude mendicante.
É urgente debelar essa pedinchice generalizada, evitar que se enraíze, tomando conta da terra e das gentes, corrompendo a dignidade nacional. É triste reconhecê-lo, mas é a realidade com que nos deparamos presentemente: relatos deprimentes têm sido publicados pelos donos de alguns blogs vivendo na Diáspora, na sequência da sua passagem pelo país. Esse olhar para dentro de quem vive fora, é um reflexo bem esclarecedor, que não nos poupa.
Nem sequer somos pobres: estamos indigentes, o que é uma coisa completamente diferente. Ser pobre é uma condição estrutural, sem recursos ou rendimentos, com limitadas perspetivas de alteração dessa condição. Indigente pode ser apenas uma condição temporária, induzida por exemplo por uma catástrofe ou, no nosso caso, por uma continuada e desastrada governação. Todos reconhecem que temos abundantes recursos, hoje fala-se até de petróleo.
Estou a tentar criar uma alternativa, uma cunha entre o PAIGC e o PRS, que me conduza à Assembleia e imponha aos dois Partidos maioritários a necessidade de negociarem a futura Governação. Peço aos guineenses um mandato para fazer a diferença, para tomar conta das «nossas coisas». É preciso ordem. É preciso organização. É preciso devolver a confiança interna e externa ao Estado. É preciso fazer um inventário daquilo que temos e com o que podemos contar.
Perder a confiança de alguém é fácil. Difícil é recuperá-la. Essa é, por isso, uma tarefa hercúlea no nosso país, ao ponto a que chegaram as coisas. Mas não é impossível, trabalhando com responsabilidade e rigor, na máxima transparência. É preciso fazer desta oportunidade eleitoral uma vitória da capacidade, da competência, da consistência. É necessária uma ruptura radical, que nem o PAIGC nem o PRS, devido ao seu historial, estão em condições de oferecer.
Bem sei como os guineenses são agarrados a rotinas, a contemporizações. Votar no PAIGC é um hábito arreigado, gerando atitude semelhante no PRS, criando uma viciosa bi-polaridade que favorece clivagens, desentendimentos, desencontros com o desenvolvimento e com o futuro que todas e todos almejamos para a Guiné-Bissau. Não me conformo. Como voltar a dar carta branca a este Estado de coisas? Ao estado a que isto chegou! Revolta-me as entranhas.
Nesta altura do campeonato, julgo que sou quem encarna essa esperança. Por isso apelei ontem a todos quanto se sentem patriotas e envolvidos com um futuro para Guiné-Bissau, independentemente dos Partidos, para uma confluência na candidatura do meu Partido, mesmo reconhecendo que este não se preparou para este cenário, nem sequer estaria apto a governar sozinho. Esta é uma oportunidade de ouro para mudar o rumo da nossa terra, uma viragem de 180º, de todos e para todos.
Convoco os partidários do PAIGC, convoco os partidários do PRS, para rejeitarem um voto baseado na rotina. Os hábitos podem degenerar em vícios. Peço-vos, como pioneira e admiradora do nosso grande líder Amílcar Cabral, que ponderem bem a responsabilidade da decisão que têm de tomar. Não se trata, de forma alguma, de desmerecer pessoas bem intencionadas, quadros eficazes, o contributo histórico dos respetivos partidos. Não! Contamos com todos, nos seus lugares.
Um bom exemplo disso é a candidatura de JOMAV para Presidente da República. Não creio que seja a melhor opção. José Mário Vaz foi um bom Presidente da Câmara de Bissau. Fez muitas coisas boas. Foi o melhor Presidente da Câmara de Bissau que já tivemos. Mas deixou muitas outras coisas ainda por fazer. É lá que poderia ser útil a todos. Todos os quadros válidos, de ambos os Partidos, terão lugar na consolidação de um projeto nacional, juntando boas vontades, em vez de mútuas desconfianças.
Permitam-nos continuar a sonhar! Acredito que a Guiné-Bissau pode ter um futuro bonito, com um mínimo de bom senso e governança. Vamos recomeçar com base numa nova legitimidade. Peço essa oportunidade. Estou bem qualificada, não devo favores, nem interna nem externamente. Comigo a Guiné-Bissau saberá construir uma nova imagem, de alto contraste com aquela que se vive. A dignidade conquista-se. Desafio a todos a darmos as mãos pa lantanda nô terra!
Vamos exigir respeito pelo nosso país, pelo nosso povo, pela nossa independência, pela nossa soberania, pelas nossas Forças Armadas. Como candidata de boa-fé ao cargo de Primeira-Ministra, defendo a integridade do cargo, independentemente de quem venha a ganhar as eleições legislativas. Por isso condeno as recentes afirmações de Pedro Passos Coelho, o Primeiro-Ministro de Portugal, quando pretende passar atestados de menoridade ao meu País.
Como ex-Ministra da Justiça, estive envolvida no combate ao narco-tráfico. Estou portanto especialmente qualificada para recusar a designação de narco-estado, pois a Guiné-Bissau não tem produção nem consumo de drogas. Caso venha a ser Primeira-Ministra, não tolerarei tentativas de ingerência na nossa política interna. Sou bem conhecida pela minha independência. E estou confiante de que saberemos mostrar que conseguimos resolver os nossos próprios problemas.
É urgente debelar essa pedinchice generalizada, evitar que se enraíze, tomando conta da terra e das gentes, corrompendo a dignidade nacional. É triste reconhecê-lo, mas é a realidade com que nos deparamos presentemente: relatos deprimentes têm sido publicados pelos donos de alguns blogs vivendo na Diáspora, na sequência da sua passagem pelo país. Esse olhar para dentro de quem vive fora, é um reflexo bem esclarecedor, que não nos poupa.
Nem sequer somos pobres: estamos indigentes, o que é uma coisa completamente diferente. Ser pobre é uma condição estrutural, sem recursos ou rendimentos, com limitadas perspetivas de alteração dessa condição. Indigente pode ser apenas uma condição temporária, induzida por exemplo por uma catástrofe ou, no nosso caso, por uma continuada e desastrada governação. Todos reconhecem que temos abundantes recursos, hoje fala-se até de petróleo.
Estou a tentar criar uma alternativa, uma cunha entre o PAIGC e o PRS, que me conduza à Assembleia e imponha aos dois Partidos maioritários a necessidade de negociarem a futura Governação. Peço aos guineenses um mandato para fazer a diferença, para tomar conta das «nossas coisas». É preciso ordem. É preciso organização. É preciso devolver a confiança interna e externa ao Estado. É preciso fazer um inventário daquilo que temos e com o que podemos contar.
Perder a confiança de alguém é fácil. Difícil é recuperá-la. Essa é, por isso, uma tarefa hercúlea no nosso país, ao ponto a que chegaram as coisas. Mas não é impossível, trabalhando com responsabilidade e rigor, na máxima transparência. É preciso fazer desta oportunidade eleitoral uma vitória da capacidade, da competência, da consistência. É necessária uma ruptura radical, que nem o PAIGC nem o PRS, devido ao seu historial, estão em condições de oferecer.
Bem sei como os guineenses são agarrados a rotinas, a contemporizações. Votar no PAIGC é um hábito arreigado, gerando atitude semelhante no PRS, criando uma viciosa bi-polaridade que favorece clivagens, desentendimentos, desencontros com o desenvolvimento e com o futuro que todas e todos almejamos para a Guiné-Bissau. Não me conformo. Como voltar a dar carta branca a este Estado de coisas? Ao estado a que isto chegou! Revolta-me as entranhas.
Nesta altura do campeonato, julgo que sou quem encarna essa esperança. Por isso apelei ontem a todos quanto se sentem patriotas e envolvidos com um futuro para Guiné-Bissau, independentemente dos Partidos, para uma confluência na candidatura do meu Partido, mesmo reconhecendo que este não se preparou para este cenário, nem sequer estaria apto a governar sozinho. Esta é uma oportunidade de ouro para mudar o rumo da nossa terra, uma viragem de 180º, de todos e para todos.
Convoco os partidários do PAIGC, convoco os partidários do PRS, para rejeitarem um voto baseado na rotina. Os hábitos podem degenerar em vícios. Peço-vos, como pioneira e admiradora do nosso grande líder Amílcar Cabral, que ponderem bem a responsabilidade da decisão que têm de tomar. Não se trata, de forma alguma, de desmerecer pessoas bem intencionadas, quadros eficazes, o contributo histórico dos respetivos partidos. Não! Contamos com todos, nos seus lugares.
Um bom exemplo disso é a candidatura de JOMAV para Presidente da República. Não creio que seja a melhor opção. José Mário Vaz foi um bom Presidente da Câmara de Bissau. Fez muitas coisas boas. Foi o melhor Presidente da Câmara de Bissau que já tivemos. Mas deixou muitas outras coisas ainda por fazer. É lá que poderia ser útil a todos. Todos os quadros válidos, de ambos os Partidos, terão lugar na consolidação de um projeto nacional, juntando boas vontades, em vez de mútuas desconfianças.
Permitam-nos continuar a sonhar! Acredito que a Guiné-Bissau pode ter um futuro bonito, com um mínimo de bom senso e governança. Vamos recomeçar com base numa nova legitimidade. Peço essa oportunidade. Estou bem qualificada, não devo favores, nem interna nem externamente. Comigo a Guiné-Bissau saberá construir uma nova imagem, de alto contraste com aquela que se vive. A dignidade conquista-se. Desafio a todos a darmos as mãos pa lantanda nô terra!
Vamos exigir respeito pelo nosso país, pelo nosso povo, pela nossa independência, pela nossa soberania, pelas nossas Forças Armadas. Como candidata de boa-fé ao cargo de Primeira-Ministra, defendo a integridade do cargo, independentemente de quem venha a ganhar as eleições legislativas. Por isso condeno as recentes afirmações de Pedro Passos Coelho, o Primeiro-Ministro de Portugal, quando pretende passar atestados de menoridade ao meu País.
Como ex-Ministra da Justiça, estive envolvida no combate ao narco-tráfico. Estou portanto especialmente qualificada para recusar a designação de narco-estado, pois a Guiné-Bissau não tem produção nem consumo de drogas. Caso venha a ser Primeira-Ministra, não tolerarei tentativas de ingerência na nossa política interna. Sou bem conhecida pela minha independência. E estou confiante de que saberemos mostrar que conseguimos resolver os nossos próprios problemas.
Desafio público
Carmelita Pires, em Quinhamel, lançando desafio público, em entrevista pela Rádio Bombolom, a todos os Partidos, para aderirem a um projeto inclusivo de Governação. Dirigindo-se em especial ao Movimento RGB - Bafatá, na pessoa do seu Presidente, apelou à tomada de uma atitude patriótica, dando aos outros pequenos Partidos o exemplo no sentido da união dos votos, para as eleições legislativas, de forma a obrigar os dois maiores Partidos a conviverem consistentemente com uma terceira via. Com o mesmo número de votos, os pequenos Partidos podem escolher entre: ou eleger juntos mais de um terço dos deputados, ou, concorrendo individualmente, não eleger qualquer deputado. O método de Hondt prejudica a dispersão dos votos pelos pequenos partidos; essa divisão reforça os partidos maioritários e permite-lhes continuarem a reinar, alimentando os ciclos de perversão que afetam a nossa democracia. Está na hora de dizer basta! Esta é uma oportunidade que só se repetirá dentro de anos. Vamos adiar, mais uma vez, as reformas vitais para o país?
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Inauguração da sede de Mansoa
Ontem, a campanha do PUSD esteve em Mansoa, Região de Oio, para a inauguração da sede local da candidatura de Carmelita Pires a Primeira-Ministra.
Logo de manhã cedo, começámos por uma visita ao hospital, hospital esse de nome apenas. Como no Hospital Simão Mendes e no Hospital Militar, valem-lhe os seus profissionais empenhados, mas as carências são igualmente graves e gritantes.
A água que vem do furo não é potável, sai vermelha, por ter muito ferro. Eletricidade é uma raridade, pois a pública não existe e o gerador precisa de gasóleo, que nunca há. A resposta é sempre a mesma. Medicamentos ou curativos: ka tem. Penso rápido: ka tem. Sangue: ka tem (e muita falta faz, o Hospital não tem nem um dl). Dinheiro do Estado para o Hospital: ka tem (há anos).
Com esta resposta recorrente às nossas questões, iniciámos uma visita às urgências, passámos por um bloco operatório digno e dotado com um mínimo de equipamento.
Destaca-se o empenho e profissionalismo do Diretor do Hospital, Dr. Raul Pinto Nancassa, médico obstetra. Foi sem resignação que expôs as condições inexistentes, mostrando fotos no seu telemóvel de intervenções cirúrgicas de grande complexidade. A Maternidade, procurada por muitas mulheres da Região, com problemas de conceber, é o seu orgulho, ajudando muitas mulheres a conseguir dar à luz.
Destaca-se o empenho e profissionalismo do Diretor do Hospital, Dr. Raul Pinto Nancassa, médico obstetra. Foi sem resignação que expôs as condições inexistentes, mostrando fotos no seu telemóvel de intervenções cirúrgicas de grande complexidade. A Maternidade, procurada por muitas mulheres da Região, com problemas de conceber, é o seu orgulho, ajudando muitas mulheres a conseguir dar à luz.
A Presidente do Partido, depois de cumprimentar as senhoras internadas, trocou impressões com os Professores Cubanos que, nas salas adjacentes, se orgulhavam de apresentar os alunos do 5.º ano de Medicina.
Na visita à Comunidade Muçulmana,
fomos cordialmente recebidos pelo Imami, ou Almami.
Este abençoou a nossa campanha e desejou os maiores sucessos: oxalá assim seja. Logo depois visitámos a escola e a rádio corânica.
Em todos os lados por onde passámos, captámos a sensação de um bom acolhimento, por parte dos nossos anfitriões. Sorrisos por todo o lado.
Mansoa!
fomos cordialmente recebidos pelo Imami, ou Almami.
Este abençoou a nossa campanha e desejou os maiores sucessos: oxalá assim seja. Logo depois visitámos a escola e a rádio corânica.
Em todos os lados por onde passámos, captámos a sensação de um bom acolhimento, por parte dos nossos anfitriões. Sorrisos por todo o lado.
Mansoa!
Dar o nó com a Diáspora
Acusamos receção da última missiva de Fernando Casimiro, explicitamente dirigida ao PUSD, que muito agradecemos, pelo seu carácter construtivo, o qual nos mereceu a maior atenção e reflexão interna, pela pertinência e objectividade, sem reservas ou falsos pudores, como, infelizmente, é muito comum neste país (onde é sempre mais o que fica por dizer).
Uma vez mais, ficamos devedores(as) ao Didinho, pela oportunidade que nos dá para uma clarificação. A campanha tem por propósito, desde o início, a tentativa de congregar o enorme descontentamento que se sente na sociedade guineense relativamente aos dois maiores Partidos, solidariamente responsáveis pelas desastrosas governações e descalabro do Estado.
Mas vamos por partes. O Fernando lança várias pistas para reflexão e não vamos esquivar nenhum pretexto, pois estamos sobretudo empenhados(as) em melhorar a nossa proposta, com espírito de auto-crítica. O nosso projeto é aberto e inclusivo, como deixámos claro desde o início, ao tentar negociar um pacto pré-eleitoral, que infelizmente não chegou a acontecer.
Didinho afirma que «Devemos reconhecer as nossas limitações e as nossas fraquezas, sem remorsos, pois são múltiplos os factores condicionantes da nossa caminhada» e pergunta: «O que é que suporta a máquina partidária nas campanhas eleitorais, senão o dinheiro?»... Talvez esse tenha sido um erro inicial da nossa campanha, condescender em conceder demasiada importância a essa visão e tentar concorrer com forças desproporcionalmente maiores, com fundos de proveniência duvidosa, numa altura em que o país está de rastos (disse à Lusa o ainda Presidente da ANP).
Entretanto, no decorrer da campanha, começámos a acreditar que algo mudou, ou estará a mudar. As pessoas aceitam os presentes, mas estão claramente desejosas de uma alternativa válida. Como diz Didinho, o mais importante deveria ser «o facto de se ter mais e melhores quadros, potenciais deputados, o programa de candidatura dos partidos. Quem nos dera que assim fosse, mas infelizmente...»
Não está na altura para nos conformarmos com o que está mal. Este é um momento de esperança numa mudança positiva. E é dever dos inteletuais e da Diáspora (com outras vivências e experiências democráticas) contribuírem para o esclarecimento do povo. Esse foi o conteúdo da mensagem de ontem dos Bispos, instigando cidadãos e cidadãs a «não venderem o seu voto por bens materiais, porque isto fere gravemente a sua própria dignidade humana e o da sua sociedade».
Pergunta Didinho: «Será que a maioria do povo guineense eleitor tem acesso à Internet para ficar a saber, através do blog partidário que partido é o PUSD (...) e o que propõe? Claro está que é uma boa fonte informativa para a diáspora, mas a diáspora, nas legislativas, conta muito pouco!» A Diáspora conta muito pouco em votos, é verdade, mas todos sabemos da importância que tem.
Pode por isso desempenhar um papel importante. Porque não telefonar para Bissau, intervir junto da família. Condenar o voto pelo dinheiro. Condenar o bi-partidarismo sem saída que parece ter tomado conta do país. Condenar a divisão dos pequenos partidos, que só aproveita aos partidos moribundos e sem futuro, perpetuando-se devido ao método eleitoral. Insistir, argumentar, num verdadeiro envolvimento.
Continuaremos a defender que o PUSD e a sua Presidente são a candidatura que melhor se posicionou, neste início de campanha, para representar uma alternativa credível e consistente. Por isso, pela nossa parte, manifestamos a nossa abertura ao diálogo construtivo com todos e todas; apelamos ainda à adesão de outras formações políticas à forte dinâmica deste projeto.
Abaixo «o voto de interesses», abaixo «a manipulação da consciência»! Este é o momento para uma ruptura radical. Num sincero esforço de inclusividade, convocamos todas as boas vontades e convidamos ao empenho pessoal. Nô Partido: a Guiné-Bissau.
Djarama Didinho e todos(as) quantos(as) queiram juntar-se a nós
Direção de Campanha
Carmelita Pires
Uma vez mais, ficamos devedores(as) ao Didinho, pela oportunidade que nos dá para uma clarificação. A campanha tem por propósito, desde o início, a tentativa de congregar o enorme descontentamento que se sente na sociedade guineense relativamente aos dois maiores Partidos, solidariamente responsáveis pelas desastrosas governações e descalabro do Estado.
Mas vamos por partes. O Fernando lança várias pistas para reflexão e não vamos esquivar nenhum pretexto, pois estamos sobretudo empenhados(as) em melhorar a nossa proposta, com espírito de auto-crítica. O nosso projeto é aberto e inclusivo, como deixámos claro desde o início, ao tentar negociar um pacto pré-eleitoral, que infelizmente não chegou a acontecer.
Didinho afirma que «Devemos reconhecer as nossas limitações e as nossas fraquezas, sem remorsos, pois são múltiplos os factores condicionantes da nossa caminhada» e pergunta: «O que é que suporta a máquina partidária nas campanhas eleitorais, senão o dinheiro?»... Talvez esse tenha sido um erro inicial da nossa campanha, condescender em conceder demasiada importância a essa visão e tentar concorrer com forças desproporcionalmente maiores, com fundos de proveniência duvidosa, numa altura em que o país está de rastos (disse à Lusa o ainda Presidente da ANP).
Entretanto, no decorrer da campanha, começámos a acreditar que algo mudou, ou estará a mudar. As pessoas aceitam os presentes, mas estão claramente desejosas de uma alternativa válida. Como diz Didinho, o mais importante deveria ser «o facto de se ter mais e melhores quadros, potenciais deputados, o programa de candidatura dos partidos. Quem nos dera que assim fosse, mas infelizmente...»
Não está na altura para nos conformarmos com o que está mal. Este é um momento de esperança numa mudança positiva. E é dever dos inteletuais e da Diáspora (com outras vivências e experiências democráticas) contribuírem para o esclarecimento do povo. Esse foi o conteúdo da mensagem de ontem dos Bispos, instigando cidadãos e cidadãs a «não venderem o seu voto por bens materiais, porque isto fere gravemente a sua própria dignidade humana e o da sua sociedade».
Pergunta Didinho: «Será que a maioria do povo guineense eleitor tem acesso à Internet para ficar a saber, através do blog partidário que partido é o PUSD (...) e o que propõe? Claro está que é uma boa fonte informativa para a diáspora, mas a diáspora, nas legislativas, conta muito pouco!» A Diáspora conta muito pouco em votos, é verdade, mas todos sabemos da importância que tem.
Pode por isso desempenhar um papel importante. Porque não telefonar para Bissau, intervir junto da família. Condenar o voto pelo dinheiro. Condenar o bi-partidarismo sem saída que parece ter tomado conta do país. Condenar a divisão dos pequenos partidos, que só aproveita aos partidos moribundos e sem futuro, perpetuando-se devido ao método eleitoral. Insistir, argumentar, num verdadeiro envolvimento.
Continuaremos a defender que o PUSD e a sua Presidente são a candidatura que melhor se posicionou, neste início de campanha, para representar uma alternativa credível e consistente. Por isso, pela nossa parte, manifestamos a nossa abertura ao diálogo construtivo com todos e todas; apelamos ainda à adesão de outras formações políticas à forte dinâmica deste projeto.
Abaixo «o voto de interesses», abaixo «a manipulação da consciência»! Este é o momento para uma ruptura radical. Num sincero esforço de inclusividade, convocamos todas as boas vontades e convidamos ao empenho pessoal. Nô Partido: a Guiné-Bissau.
Djarama Didinho e todos(as) quantos(as) queiram juntar-se a nós
Direção de Campanha
Carmelita Pires
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