segunda-feira, 7 de abril de 2014

Já chega!

Iva Cabral, Reitora da Universidade Lusófona de Cabo Verde e filha de Amílcar Cabral, deu uma entrevista histórica ao jornalista Umaro Djau, do site GBissau.com, no contexto do atual momento de renovação política. A entrevista à Rádio Gumbé começa ao minuto 94 (1:34:00): pode aceder ao ficheiro aqui.



Ouvir a Iva fez-nos lembrar a Presidente do Partido. Não só por esta ser tratada por Ita, pelos seus próximos, mas sobretudo pela grande sintonia de pontos de vista entre estas duas grandes mulheres. Sem nunca referir Carmelita pelo nome ou o do seu / nosso Partido, sentiu-se que era dela que falava.

Este é um apoio moral importante, que desejamos venha fortalecer a nossa candidata à liderança deste país. Ouviu-se Iva Cabral, sempre com muita emoção e esperança, retomar as grandes linhas orientadoras da campanha do nosso Partido, o PUSD. A nossa rampança está a despertar muitas emoções e adesões.

A doutora Iva Cabral começou por lembrar o importante papel da mulher guineense durante a Guerra de Libertação, defendendo que nenhum país se pode desenvolver com mulheres incultas, pois são elas que vão educar as novas gerações, sendo muitas vezes também quem sustenta a família, que o homem deserta.

Comparando com a situação em Cabo-Verde, diz que é necessário educar as jovens para que não engravidem muito cedo, para que acabem o Liceu, as mais capazes cheguem à universidade, pois só assim poderão vir a ocupar cargos de relevo na sociedade, contribuindo para o desenvolvimento sustentado.

Afirma depois que, na Guiné, as mulheres estão a desempenhar, no presente cenário eleitoral «um papel preponderante». Ao que acrescenta «As mulheres têm de tomar posições firmes». Sensivelmente à mesma hora, a Presidente e as mulheres candidatas pelo PUSD reuniam com a Plataforma política de mulheres.

Essa reunião, para aproveitar a paragem na campanha eleitoral devido ao luto nacional, decorreu na sede de Bissau, e nela foram discutidas formas de participação política futura, tendo a Plataforma manifestado um efusivo apoio ao projeto do Partido, realçando a intenção de unir os pequenos Partidos numa alternativa.

Essa foi também a grande mensagem deixada por Iva Cabral. Condenando a dispersão dos votos, a ausência de verdadeiro debate, o «número excessivo de partidos», apontou o dedo às elites: «Todos querem ser Presidente, cada um cria o seu partido». Lembrou o lema de Cabral: UNIDADE.

«Já chega!», exclamou. É necessária unidade. Apontou Cabo-Verde, onde existem três Partidos que disputam as eleições. «Esse é o número ideal de Partidos: 3». E remete para a vontade do povo, das elites políticas, das elites militares. Esse é o grande desafio lançado pelo PUSD e pela sua Presidente.

Quando Umaro perguntou se havia um pensamento de seu pai que a tivesse especialmente marcado, Iva Cabral referiu o importante lema, cuja escolha já havíamos elogiado aqui neste blog, ao Movimento Ação Cidadã: «Pensar pelas nossas próprias cabeças». Esse é o desafio. Já chega de alienação.

Outra pergunta, no mesmo género, inquiria acerca da aplicabilidade atual das ideologias políticas de Amílcar Cabral, ao que a doutora respondeu (talvez um pouco «terra a terra» para os homens, mas as mulheres são mais práticas, pelo senso comum e pelas coisas simples) que para resolvermos a situação...

«não são precisos ismos, como comunismo ou socialismo. É preciso vontade de servir a Guiné-Bissau. E não o contrário, como muitos, que apenas mostram vontade de se servir da democracia, das eleições, da confiança depositada pelo povo. O grande revolucionário é aquele que é honesto.»

Iva Cabral afirma ainda ter uma grande esperança numa certa geração de guineenses, que já demonstraram a sua capacidade inteletual e profissional no exterior. Uma nota de esperança, dirigida aqueles e aquelas que sentem que têm uma dívida a saldar para com o país, relativa à educação privilegiada de que beneficiaram.

Muitos e muitas desses bons filhos e filhas da Guiné-Bissau estão na Diáspora, mas são uma reserva moral da nação, para um arranque rumo ao desenvolvimento. É urgente enterrar a diasporafobia, baseada nos mesmos complexos que conduziram ao assassinato de Cabral e ao 14 de Novembro de 1980.

Iva Cabral dá o seu próprio exemplo, para terminar, respondendo à questão de Umaro, sobre se se sente mais cabo-verdeana ou mais guineense: respondeu que se sente inteletualmente mais ligada a Cabo Verde; mas que, sentimentalmente, está mais ligada à Guiné, onde gostaria de viver e de acabar os seus dias.

«Tenho idade já suficiente para fazer o que gosto. Gostaria de servir a Guiné-Bissau. Estou disposta a servir a Guiné.» Seja bem vinda! Vamos criar condições para o retorno daqueles e daquelas, na Diáspora, que, como Iva Cabral, digna herdeira de seu Pai, queiram dar o seu contributo positivo para esta terra. 

1 comentário:

  1. Pour la Guinée Bissau, l’année 2009 a été rude... Auparavant et après pas mieux. Ce petit pays d’Afrique de l’ouest fait peu parler de lui sur la scène internationale, politique ou musicale. Et pourtant, son actualité ne manque pas de rebondissements…

    Pour faire court : en mars dernier, le réputé « propre » général Tagmé Na Waie découvre 200 kg de cocaïne dans un hangar de l’état-major... Une semaine plus tard, il est assassiné. Quelques heures après, c’est au tour du président, Joao Bernardo « Nino » Vieira de succomber aux balles. Début juin, le candidat a la présidence Baciro Dabo, ainsi que le député Helder Proenca connaissent le même sort. Depuis 1974, année de l’indépendance de la Guinée Bissau, le pays est marqué par un cycle de violences politiques et d’impunité. Il est d’ailleurs souvent présenté comme un « narco-état » - et rien d’autre. Et tous connaissant les derniers événements, la mascarade pour la lutte pour le pouvoir... Le Premier ministre bafouait la constitution.
    Aujourd'hui quel est le climat, la mentalité a tel changé, pour les futurs décideurs, je doute! L'espoir fait vivre...
    Je suis Heureux de savoir qu'une femme comme vous avec courage de se présenter, il faut... Votre équipe a telle une volonté forte d'assumer un changement sans passer par la corruption qui existe à grande ampleur à tous les niveaux surtout dans les services de l'État. Grande tâche... avez-vous pensé que c'est par la qui faut montrer l'exemple L'ETAT. Et les militaires? Nécessaire a la sécurité du pays qui sont qu'à faire des décisions politiques, qui se proclame État dans un État et sont les premiers à profiter de tout ce désordre instauré par eux-mêmes... et pour cause...

    Alors pour la jeunesse, comment envisager l’avenir sereinement dans de telles conditions ? Emigrant à l'étranger j'ai décidé de me poser très clairement la question aux assassinats politiques, narco-état et à la corruption. Sans être à ce jours pas encore résolu... Où allons-nous? Je voterais pour vous dans l'ex poire d'une vie meilleure en Guinée Bissau... De Luxembourg Fernando Caio (aussi facebook)

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